Existe o amor romântico, idealizado nos moldes de Romeu e
Julieta. Existe, porém, o amor cotidiano, do tipo marido e mulher, e, também, o
amor desiludido, nos moldes da Princesa Diana.
O amor romântico acredita no “para sempre”, é educado,
cortês, meigo, quer se casar na igreja, declara-se em forma de poema, faz
serenata, manda flores, chora baixinho e acredita, com todas forças, que a
pessoa amada é a metade que faltava. O amor cotidiano, por sua vez, é menos
colorido. Prefere a realidade e quase já não se lembra do “lado meloso”. Acorda
de manhã, cedo, e vai trabalhar; volta à noite, toma banho e vai dormir. Só
isso. Não se lembra mais da flor, nem do poema, e muito menos da serenata. “Vai
levando”, como se diz na gíria. O “love” desiludido, por fim, não tem a ver com
sonho nem com realidade, mas com uma espécie de vazio. É um pouco do que sentia
Amy Winehouse, quando cantava “o amor é uma aposta perdida”:
Não estou querendo dizer que haja uma lógica nisto tudo. O romantismo, o
cotidiano e a desilusão não se sucedem linearmente, partindo do maior para o
menor ou vice-versa, pois, se assim fosse, haveria uma fórmula matemática
definindo o movimento desta coisa, o que não é o caso aqui. O amor é complexo,
intercalado, mutante – no mesmo dia pode se transformar em milhão de
sentimentos contraditórios, em um bilhão de coisas inimagináveis, em um trilhão
de perguntas sem respostas. Bukowski sabia disto:
"O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o que faz sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se conhecesse? Mas a gente nunca conhece" (Bukowski).
ResponderExcluirInteligentemente perfeito!
ResponderExcluir