Vivemos na época da libertinagem: nunca nos foi permitida tanta coisa. Basta acessar à internet; lá o indivíduo
encontra tudo, desde blogs
de poesias à páginas neonazistas; tudo o que uma cabeça cheia de ideias e
desejos é capaz de imaginar.
O problema é que este emaranhado de possibilidades
gera confusão. O sujeito, curioso como é, acaba entrando em lugares que
não devia, comprometendo assim a moralidade de suas escolhas.
John Stuart Mill, em seu livro “Da
Liberdade”, abordou o tema, usando como ponto de partida a religião: “Todos
os cristãos acreditam serem abençoados os pobres e humildes, e os que sofrem
injúrias do mundo; que é mais fácil a um camelo passar pelo olho de uma agulha
do que um rico entrar no reino dos céus; que não devem julgar para não serem
julgados; que devem amar o próximo como a si mesmos [...]. Não são insinceros
quando formulam essas máximas. Crêem nelas, como em geral se crê naquilo que
sempre se ouviu louvado e nunca discutido. Contudo, no sentido da crença viva
que regula a conduta, crêem nestas doutrinas até o ponto em que usualmente
atuam sobre eles. As doutrinas, na sua integridade, são úteis para apedrejar
adversários; e entende-se que se deve expô-las (quando possível) como razões
para tudo quanto se faz pensando ser louvável" (págs 47-48, Editora Ibrasa, 1963).
A cantora Sandy, tida como um exemplo de “boa
moça”, ao fazer uso do que lhe é permitido, declarou: "É
possível ter prazer anal". Segundo a Revista
Época (ano 2011, edição 689), "a palavra-chave #sandyfazanal ficou
entre os três assuntos mais comentados no Twitter em todo mundo".
O que estamos fazendo com a nossa liberdade?
Hoje bebemos demais,
fumamos demais,
gastamos de forma excessiva,
rimos de menos,
dirigimos rápido demais, nos irritamos
facilmente...
Ficamos acordados até tarde,
acordamos cansados demais...
Multiplicamos nossas posses,
mas reduzimos nossos valores...
Falamos demais,
amamos raramente
e odiamos com freqüência...
Esses são tempos de refeições rápidas,
e digestão lenta...
De homens altos
e caráter baixo...
De lucros expressivos
mas relacionamentos rasos...
São dias de viagens rápidas,
fraldas descartáveis
moralidade também descartável,
e pílulas que fazem tudo:
alegrar, aquietar, matar...
(O Paradoxo do Nosso Tempo, Autor Desconhecido).