“Não é a Dilma contra o Aécio, não é o PSDB contra o PT, é
mais do que isso. O que está em disputa são dois projetos de sociedade. O que
era o Brasil antes de 2003?” (p.26). Para responder a esta pergunta, será
preciso voltar no tempo, aos anos do “governo FHC”. Pois bem, nesta época, o
Brasil era o pior dos mundos possíveis - desemprego em massa, juros altíssimos,
arrocho salarial – um cenário que, combinado, nos fazia o país mais desigual do
planeta.
E quem diz isso não sou eu, são os números, números de
todos os setores da sociedade – economia, saúde, educação, segurança – números
que podem ser consultados por qualquer um, nos sites da internet, nos livros de
História, nas revistas e nos jornais: i) PIB: R$ 1,48 trilhões em 2002 contra
R$ 4,84 trilhões em 2013; ii) PIB per capita: 7,6 mil em 2002 contra 24,1 mil
em 2013; iii) Safra Agrícola: 97 milhões de toneladas em 2002 contra 188
milhões em 2013; iv) Investimento Estrangeiro Direto: 16,6 bilhões de dólares
em 2002 contra 64 bilhões em 2013; v) Reservas Internacionais: 37 bilhões de
dólares em 2002 contra 375,8 bilhões em 2013; vi) Empregos Gerados: 627 mil por
ano no governo FHC contra 1,79 milhões por ano no governo Lula e Dilma; vii)
Valor de Mercado da Petrobrás: 15,5 bilhões em 2002 contra 104,9 bilhões em
2013; viii) Salário Mínimo: R$ 200,00 (1,42 cestas básicas) em 2002 contra R$
724,00 (2,24 cestas básicas) em 2013; ix) Posição entre as Economias do Mundo:
13° em 2002 – 7° em 2013; x) Inflação Anual Média: 9,1% nos anos de FHC contra
5,8% nos anos de Lula e Dilma; xi) Taxa de Extrema Pobreza: 15% em 2003 contra
5,2% em 2012; xii) Gastos Públicos em Saúde: 28 bilhões em 2002 contra 106
bilhões em 2013; xiii) Estudantes no Ensino Superior: 583.800 em 2002 contra
1.087.400 em 2012; xiv) Operações da Polícia Federal: 48 durante o governo
tucano contra 1.273 durante o governo do PT.
O Brasil, que nos anos de FHC, era o quintal do FMI, com
Lula e Dilma, se tornou “dono do próprio nariz”; o Brasil, que nos anos de FHC,
possuía o segundo maior exército de desempregados do planeta, com Lula e Dilma
se tornou “o país das oportunidades iguais”; o Brasil, que nos anos de FHC, era
governado pelos ricos e para os ricos, com Lula e Dilma passou a ser governado
por todos e para todos.
Em uma entrevista concedida à revista Carta Capital, Lula
disse: “Certa vez, discuti com um cidadão que reclamava porque o Luz para Todos
era mais uma política minha para o pobre. Eu lembrei a ele que, quando a gente
levava o Luz para Todos, o beneficiado ligava três lâmpadas, comprava uma
geladeira e, 80% deles, compravam um televisor. Ou seja, um simples programa
chamado Luz para Todos, que levou energia para 15 milhões de brasileiros,
resultou na venda de quase 4 milhões de mercadorias. Até empresas
multinacionais ganharam muito com esse programa social. Sem contar os empregos
criados. Mas, infelizmente, há ainda quem prefira ver indigentes nas ruas em
lugar de gente humilde consumindo. É lamentável que um cientista político tão estudado como o Fernando Henrique Cardoso tenha dito aquilo: não é porque são pobres que apoiam o PT e a Dilma, é porque são menos informados" (p.25).
A vitória de Aécio, que é cria de FHC, seria um retorno ao
que não deu certo. Fiquei perplexo quando, no dia 20/10/14, após o Datafolha ter apontado que Dilma havia ultrapassado o candidato tucano, o Ibovespa
ter registrado uma queda. O Mercado, meus caros, não se importa com a sua
saúde, não se importa com a sua educação, não se importa com o seu emprego, o
Mercado, meus caros, não se importa com a sua família, não se importa com o
Brasil, não se importa com você – é por isso que o sistema financeiro está
ouriçado e que o FMI, tão escondidinho até hoje, volta a dar palpites
inaceitáveis – o Mercado, meus caros, se chama Aécio.
[Revista Carta Capital. In: Embate entre Dois Projetos
Opostos de Brasil. Ano XX, n° 821, 15 de outubro de 2014]