Vivemos numa época de valores duvidosos. O matrimônio, o
caráter, a família e o comprometimento social foram substituídos pelo
adultério, pela falta de ética, pela solidão e pelo individualismo. Foi o que
se viu na confissão de Luíz Carlos Alexandre de Magalhães, um dos envolvidos no
esquema que desviou 500 milhões de reais dos cofres da Prefeitura de São Paulo.
Ele disse: “A minha compulsão foi o sexo. Tinha dias que eu entrava às quatro
da tarde na boate e saia às seis da manhã; voltava pra casa, tomava um banho e
ia trabalhar. Em cada madrugada destas eu gastava oito, dez mil; mulheres que
saiam em capas de revista, dormiam comigo”.
Em um dos momentos mais marcantes da confissão, o repórter
pergunta ao corrupto “Você não se arrepende?”. Com um meio-sorriso, Luíz Carlos
de Magalhães, diz “Isso eu não sei responder”. É como se não houvesse sentido
em “ser correto”, em “ser decente”, é como se a sociedade e tudo o que ela
representa inspirassem ou sugerissem a própria corrupção.
"A julgar pela vida que os homens levam em geral, a maioria
deles, e os homens de tipo mais vulgar, parecem (não sem um certo fundamento)
identificar o bem ou a felicidade com o prazer, e por isso amam a vida dos
gozos. Pode-se dizer, com efeito, que existem três tipos principais: a que
acabamos de mencionar, a vida política e a contemplativa. A grande maioria dos
homens se mostram em tudo iguais a escravos, preferindo uma vida bestial, mas
encontram certa justificação para pensar assim no fato de muitas pessoas altamente
colocadas partilharem os mesmos gostos” (p.9).
[ARISTÓTELES. Os Pensadores. Vol. II. In: Ética a Nicômaco.
Nova Cultural, SP, 1991]