Se fala muito em livre-arbítrio, em responsabilidades
individuais, em julgamentos, e é muito comum que se usem velhos ditados como
justificativa para este modo de pensar, ditados do tipo “o que se colhe é o que
se planta”, “Deus conhece todos os passos”, “o seu caminho é você quem faz”...
Mas, pouco se fala nas circunstâncias que empurram os homens nestas direções.
A sociedade norte-americana esta repleta de exemplos de
pessoas que se tornaram famosas do dia pra noite e que, numa velocidade maior
ainda, afundaram. Quem não se lembra de Macaulay Culkin, de suas atuações em “Meu
Primeiro Amor” ou em “Esqueceram de Mim”? daquele jovem loirinho e inocente, o
filho com o qual todas as mães sonhavam? Pois é, ele cresceu e se tornou um
problema, se envolveu com drogas e deixou a fama. Quem não se lembra de Mike
Tyson, o campeão mundial mais novo da história do boxe que, no auge da
carreira, acabou sendo acusado e preso por estupro? Quem não se lembra de Michael
Jackson – compositor, cantor, dançarino – o ícone pop, com milhões de cópias
vendidas, que foi encontrado morto por uma overdose de medicamentos? Quem não
se lembra de Marilyn Monroe? de Kurt Cobain? de Elvis Presley? de Justin
Bieber? Pessoas que alcançaram o topo e que, tragicamente, foram arremessadas
de lá.
Seria apenas uma mera questão de escolha pessoal que
estaria por trás destas histórias mirabolantes? ou haveria mais coisa? Por
quais circunstâncias são compostos estes personagens? O que leva pessoas que
conquistaram tudo – popularidade, posição social, dinheiro – a, de repente,
desistirem de própria vida? É de se pensar. Mas, não há como negar que o meio
em que vivemos influencia o nosso modo de entender o mundo.
Émile Durkheim, um dos criadores da sociologia científica,
acreditava que os fatos sociais deveriam ser estudados como “coisas”,
independentes das consciências individuais: “[...] um sujeito, ao nascer, já
encontra pronta e constituída a sociedade. Assim, o direito, os costumes, as
crenças religiosas, o sistema financeiro foram criados não por ele, mas pelas
gerações passadas, sendo transmitidos às novas através do processo de educação”
(p.49).
[MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. Editora:
Brasiliense, 29° ed., SP, 1991]