Quando a economia para de crescer a sociedade
entrar em crise. O lucro do empresário diminui, o comerciante passa a vender
menos, funcionários são demitidos. Logo, a arrecadação de impostos por parte do
Estado cai - a educação, a segurança e a saúde pioram. Grosso modo é isto.
Investigando questões deste tipo,
isto é, questões que procuram entender porque a atividade produtiva cresce ou
entra em recessão, Schumpeter, um dos economistas mais importantes e influentes
do século XX, descobriu que os bons níveis de crescimento dependem
fundamentalmente do empresário inovador. Segundo ele, “o fluxo de produção do trabalho dos cientistas e engenheiros vai se
desenvolvendo e se acumulando ao longo dos anos, sem que se faça um verdadeiro
proveito destas descobertas e invenções. Até que uma empresa, por meio do
arrojo de um de seus executivos, assuma os riscos de colocar em prática a
teoria acumulada. O resultado é um novo processo, bem ou serviço. Em troca,
como recompensa da ousadia, o empreendedor é abençoado com lucros
extraordinários.
Os que não ousaram
têm seus lucros reduzidos. Ou seja, para os menos arrojados a imitação
transformar-se em uma questão de sobrevivência. Isto porque os lucros
extraordinários do inovador são devidos, em parte, a um mercado em expansão que
resulta da implantação da própria inovação, e, por outra parte, a um decréscimo
na parcela do mercado dominada por seus rivais. Logo, surge um imenso fluxo de
investimentos em função dos ajustes requeridos para se restabelecer as
condições de competitividade entre os rivais.
Isto é o início: uma
inovação e uma indústria. Porém, um número qualquer de outras invenções estão
sendo aplicadas em toda a economia ao mesmo tempo. Durante o recesso econômico
anterior, as inovações foram colocadas em uma posição de imobilidade, eis que
não prometiam ser rentáveis, entretanto as invenções continuaram a se acumular.
Com o passar do tempo, as possibilidades comerciais de um número cada vez maior
dessas invenções pareceram cada vez mais viáveis até que alguns daqueles
empresários perspicazes e de visão de futuro, decidiram que as perspectivas
eram suficientemente promissoras para que eles ‘dessem o mergulho’. Com cada
inovador gerando seu séquito de imitadores e com a atividade econômica em expansão,
reforçando as perspectivas de sucesso para outras inovações ainda, a economia
se eleva no âmbito de um período de expansão caracterizado por um aglomerado de
inovações e pelo rápido crescimento nos gastos de investimento que acompanha o
processo de inovação.
A prosperidade
geral, porém, não é ilimitada. Chega um momento em que a oportunidade de se
investir na nova área começa a declinar, como se a economia descrevesse um
ciclo. Para cada inovação sob a forma de um novo bem de consumo, é uma simples
questão de tempo até que novas fábricas, necessárias para produzir aquele bem,
sejam construídas. Esta inovação terá, então, provido os gastos de investimento
a serem esperados de sua implantação. Assim, os gastos de investimento em
geral, quer incorridos para produzir um bem novo, reduzir custos ou abrir novos
mercados, quer pra desenvolver novas fontes de suprimento, terão,
eventualmente, sido feitos, e os desejados bens de capital comprados. Logo,
todas as inovações que os inovadores julgam ser dignas de serem adotadas já
forma adotadas; o ’boom’ chega a um fim porque os gastos de investimento
gerados pelas inovações simplesmente se esgotaram. Este esgotamento é inerente
ao próprio modus operandi dos fatores do progresso”.
Observe, leitor, o quanto “o drama da evolução capitalista”
depende do arrojo e da criatividade de alguns indivíduos.
[SHAPIRO, Edward. Análise Macroeconômica. Editora: Atlas, 1994, 2° ed. Trechos extraídos das páginas 568-572 (com adaptações)].