O Natal, que simboliza o nascimento do menino Jesus, é a
data mais importante do cristianismo e, paradoxalmente, é também a data mais
importante do ano para o comércio, em função da maciça venda de presentes.
Eu usei a palavra paradoxalmente, pois, na teoria, uma
coisa não se relaciona com a outra. Apesar de, no Vaticano, os talheres serem
de ouro, o cristianismo, em essência, é simplicidade; as circunstâncias que
envolvem o nascimento do menino Jesus são a maior prova disso: “E ela deu à luz
o seu filho, o primogênito, e o enfaixou e deitou numa manjedoura, porque não
havia lugar no alojamento” (LUCAS 2:7). A opulência, a índole consumista, a
cerimônia com que a contemporaneidade reveste o Natal, portanto, é falsa, é
inverídica, é mentirosa. O que acontece, no fundo, é uma apropriação das coisas
– o capitalismo, com o intuito de vender, inventou o Papai Noel, a história da
chaminé e as renas, povoando o imaginário ocidental com seus enfeites,
substituindo a espiritualidade verdadeira pelo desejo de ser presenteado, a
bondade pela alegorização, o gesto de amor pelo dinheiro.
Está certo que é no Natal que as famílias se reúnem, que as
pessoas se abraçam, que os ânimos apaziguam, mas não está certo que os donos do
poder façam do Natal a mais importante data do consumismo, que a indústria do
marketing se apodere do “nome de Deus” para vender, que as criancinhas cresçam
pensando que felicidade é ganhar o brinquedo mais caro.
[Fonte: Escrituras Sagradas ou Bíblia – Livro de LUCAS:
capítulo 2, versículo 7]