A nossa personalidade se forma através das experiências que
tivemos, principalmente, do nascimento até os 22 anos. Não me baseei em teorias
psicológicas para fazer este corte, mas é durante este período de nossas vidas
que recebemos o afeto materno, que iniciamos no mercado de trabalho, que
escolhemos o curso de faculdade, que vivemos o primeiro amor, que nos
descobrimos sexualmente etc.
A gente aprende a ter limites, quando recebe bronca dos
pais, a gente aprende a vencer medos, quando invade o pátio do vizinho para
roubar laranjas, a gente aprende a ter responsabilidade, quando ganha o
primeiro cachorro, a gente aprende a conquistar, quando nossos olhos brilham
pela garotinha mais bonita da turma, a gente aprende a ser companheiro, quando
o nosso melhor amigo nos pede segredo. Enfim, do nascimento até os 22,
amadurecemos emocionalmente para, na fase adulta, termos a estabilidade
necessária para uma vida sadia.
De todas estas emoções que compõem a formação da nossa
personalidade, penso que o amor (homem x mulher) seja, de todas, a mais
mistificada. Em um texto que li, tempos atrás, num blog que hoje está
desativado, a escritora, uma adolescente em crise amorosa, chamada Gabriela
Cantergi, relata a sua experiência e o seu sentimento logo após um adeus: “Me
despedi de ti de olhos fechados, porque achava que se não te visse indo embora,
você não partiria. Seria só uma ausência momentânea, duas vidas que se afastam
por um tempo, mas que depois se reencontram e voltam a, juntas, dançar.
Mas a saudade não abandona os amantes. E hoje sinto falta justamente da tua
habilidade de me fazer feliz a todo instante. De me criticar com amor e de
curar minhas irritações com a rapidez de um abraço. Sinto falta de te ver
dedilhando o violão, enquanto diz que eu não tenho ritmo, que música não é
pra mim. E logo pedia pra eu cantar uma canção, a nossa canção, e me
ensinava a tirar notas musicais – apesar da minha falta de talento. Achei que
não fosse sentir falta da tua malandragem, da tua estúpida mania de intercalar
gírias e palavrões. Achei que fosse ser um alívio não ouvir tuas piadinhas
a cada vez que se lembrava da nossa diferença de idade. Nada mais tem graça
depois que tu partiu. Já não espero ouvir tua voz quando atendo ao telefone,
nem mais penteio o meu cabelo pro lado, como tu tanto gosta. Já não me importo
de repetir a roupa de ontem, hoje. E agora, quando penso em ti – a todo
instante -, eu fecho os olhos. E se fecho os olhos é porque, de olhos fechados,
eu ainda sou feliz”.