segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Formação da Personalidade

A nossa personalidade se forma através das experiências que tivemos, principalmente, do nascimento até os 22 anos. Não me baseei em teorias psicológicas para fazer este corte, mas é durante este período de nossas vidas que recebemos o afeto materno, que iniciamos no mercado de trabalho, que escolhemos o curso de faculdade, que vivemos o primeiro amor, que nos descobrimos sexualmente etc.
A gente aprende a ter limites, quando recebe bronca dos pais, a gente aprende a vencer medos, quando invade o pátio do vizinho para roubar laranjas, a gente aprende a ter responsabilidade, quando ganha o primeiro cachorro, a gente aprende a conquistar, quando nossos olhos brilham pela garotinha mais bonita da turma, a gente aprende a ser companheiro, quando o nosso melhor amigo nos pede segredo. Enfim, do nascimento até os 22, amadurecemos emocionalmente para, na fase adulta, termos a estabilidade necessária para uma vida sadia.
De todas estas emoções que compõem a formação da nossa personalidade, penso que o amor (homem x mulher) seja, de todas, a mais mistificada. Em um texto que li, tempos atrás, num blog que hoje está desativado, a escritora, uma adolescente em crise amorosa, chamada Gabriela Cantergi, relata a sua experiência e o seu sentimento logo após um adeus: “Me despedi de ti de olhos fechados, porque achava que se não te visse indo embora, você não partiria. Seria só uma ausência momentânea, duas vidas que se afastam por um tempo, mas que depois se reencontram e voltam a, juntas, dançar. Mas a saudade não abandona os amantes. E hoje sinto falta justamente da tua habilidade de me fazer feliz a todo instante. De me criticar com amor e de curar minhas irritações com a rapidez de um abraço. Sinto falta de te ver dedilhando o violão, enquanto diz que eu não tenho ritmo, que música não é pra mim. E logo pedia pra eu cantar uma canção, a nossa canção, e me ensinava a tirar notas musicais – apesar da minha falta de talento. Achei que não fosse sentir falta da tua malandragem, da tua estúpida mania de intercalar gírias e palavrões. Achei que fosse ser um alívio não ouvir tuas piadinhas a cada vez que se lembrava da nossa diferença de idade. Nada mais tem graça depois que tu partiu. Já não espero ouvir tua voz quando atendo ao telefone, nem mais penteio o meu cabelo pro lado, como tu tanto gosta. Já não me importo de repetir a roupa de ontem, hoje. E agora, quando penso em ti – a todo instante -, eu fecho os olhos. E se fecho os olhos é porque, de olhos fechados, eu ainda sou feliz”.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O Sentido Oculto das Coisas

Por detrás de tudo existe uma intenção. Não importa se a moça é jovem, meiga e possui um rosto angelical, por detrás de sua existência há interesses. Quando alguém lhe sorri, é por interesse; quando alguém lhe estende a mão, é por interesse; quando alguém lhe olha, é por interesse. Não existe acaso, não existe sorte, não existe coincidência – a raça humana é maquiavélica.
Quando o seu vizinho, aquele senhor de 70 anos, aposentado, que vive varrendo a calçada, chega e lhe diz “como vai o trabalho?” ou “vai viajar no final de semana?”, ele faz isso não apenas com a intenção de ser agradável, mas também com a intenção de lhe conhecer melhor, de saber quem você é. Quando o mendigo da rua, aquele que vive com um copo de cachaça e uma viola na mão, chega e começa a contar histórias divertidas, ele não faz isso “só por fazer”, no lance seguinte, quando você já estiver maleável, achando que o mundo é um lugar bom e tal, ele vai lhe pedir dinheiro. Não há saída: sobrevive o mais rápido.
É claro que também existem intenções verdadeiras – o amor, a amizade, a família, são exemplos – mas o que impera, no fundo, é o sentido oculto das coisas. Como costumavam revelar as histórias de Nelson Rodrigues: “Não teve pressa. Durante 48 horas, debateu-se em dúvidas medonhas. Trair era ou devia ser facílimo; restava, porém, a pergunta: ‘Com quem?’ Passou em revista todos os amigos e conhecidos. Ia excluindo um por um, através de um processo eliminatório. Acabou se fixando num tal de Mascarenhas, casado, e colega do marido. Telefonou-lhe, sem dizer quem era. E o outro, ouvindo uma voz feminina, inflamou-se. Queria um encontro imediato, numa lugar assim, assim” (p.233).

[RODRIGUES, Nelson. A vida como ela é... Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2012]

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Ideias em Forma de Cartoon

A Arte deve ser, em essência, beleza. Mas quando ela é capaz de associar beleza e idéia num mesmo quadro, então o seu sentido se fortalece. Do que serve um poema que se preocupa apenas com a rima? ou uma pintura que não passa de uma imitação da realidade? ou um filme sem filosofia? Pra nada.  É um pouco do que dizia Picasso “tente desenhar um circulo perfeito e não conseguirá; a imperfeição reina nas coisas!”.
polaco Powel Kuczynski sabia disso. Seus desenhos, em forma de cartoon, levam-nos a refletir sobre as diferentes possibilidades da existência:







terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A Outra Face do Amor

Existe o amor romântico, idealizado nos moldes de Romeu e Julieta. Existe, porém, o amor cotidiano, do tipo marido e mulher, e, também, o amor desiludido, nos moldes da Princesa Diana.
amor romântico acredita no “para sempre”, é educado, cortês, meigo, quer se casar na igreja, declara-se em forma de poema, faz serenata, manda flores, chora baixinho e acredita, com todas forças, que a pessoa amada é a metade que faltava. O amor cotidiano, por sua vez, é menos colorido. Prefere a realidade e quase já não se lembra do “lado meloso”. Acorda de manhã, cedo, e vai trabalhar; volta à noite, toma banho e vai dormir. Só isso. Não se lembra mais da flor, nem do poema, e muito menos da serenata. “Vai levando”, como se diz na gíria. O “love” desiludido, por fim, não tem a ver com sonho nem com realidade, mas com uma espécie de vazio. É um pouco do que sentia Amy Winehouse, quando cantava “o amor é uma aposta perdida”:


Não estou querendo dizer que haja uma lógica nisto tudo. O romantismo, o cotidiano e a desilusão não se sucedem linearmente, partindo do maior para o menor ou vice-versa, pois, se assim fosse, haveria uma fórmula matemática definindo o movimento desta coisa, o que não é o caso aqui. O amor é complexo, intercalado, mutante – no mesmo dia pode se transformar em milhão de sentimentos contraditórios, em um bilhão de coisas inimagináveis, em um trilhão de perguntas sem respostas. Bukowski sabia disto: