Na Etiópia, quando um homem engravida uma mulher antes do
casamento, os envolvidos, direta e indiretamente, são condenados à morte. O
“criminoso” é enterrado até o pescoço e depois recebe pedradas na cabeça; o pai
da “criminosa” é fuzilado e a gestante permanece viva somente até o nascimento
da criança. É olho por olho e dente por dente.
Ao assistir às cenas do apedrejamento – exibidas numa
reportagem de Roberto Cabrini – fiquei horrorizado. O homem, no instinto,
tentava desviar a cabeça, mas não havia chance – as pedras eram do tamanho de
tijolos. Depois de um minuto ou dois ele parou de se mexer; eu também não me
mexia, estava em choque; rezava para que fosse mentira, mas era verdade: o
crânio do pobre-diabo havia sido amassado pelos golpes.
Naquela parte do mundo as coisas funcionavam assim, naquela
parte do mundo quem infringisse as leis morria deste jeito – era cultural. Não
sei se esta era a melhor maneiro de resolver os problemas, mas o “temor da
morte violenta” certamente que inibia ou, no mínimo, fazia com que os
infratores pensassem duas vezes antes de praticar atos proibidos. Naquela parte
do mundo as coisas funcionava assim – para o bem ou para o mal. No Brasil as
coisas não funcionam de nenhum jeito. Numa denúncia feita a um programa de
televisão, os vereadores de Bela Vista – capital de Roraima – falsificavam
notas fiscais, inventavam cursos de conteúdo sem memória e viagens para
destinos que nunca foram e, quando questionados à respeito, faziam cara de
deboche e desconversavam, certos da impunidade.
Sou contra matar pessoas a pedradas, mas se estes corruptos temessem alguma coisa, nem que fossem dez tapas na cara em praça pública, sem dúvida que a roubalheira iria diminuir. Já imaginou o Paulo Roberto Costa com a marca dos cinco dedos na bochecha? ou aquele cabelo, todo penteadinho do juiz Nicolau dos Santos Neto, revirado pelas bofetadas? Seria uma revolução.