Há, entre os cientistas, divergências quanto à
crise ambiental. Para um grupo, não se trata de crise, mas de transformações
próprias do ciclo natural do planeta, que pouco ou nada tem a ver com a ação do
homem. Para um segundo grupo, as catástrofes naturais, cada vez mais
freqüentes, se devem, sobretudo, ao nosso modo de vida, fundamentado, pelo indivíduo,
no consumismo, e, pelo sistema, no crescimento a qualquer custo. Um terceiro
conjunto de cientistas não acredita na sustentabilidade, por entender que as
novas tecnologias, ao invés de reduzirem o impacto da economia sobre o meio
ambiente, contribuiriam para aumentá-lo. O texto a seguir expressa a minha
posição em relação ao tema.
“Um dos sistemas
mais complexos que se conhecem, o clima da Terra sempre norteou os rumos da
humanidade. Nos primeiros 250.000 anos da história do homem moderno, no período
Pleistoceno, a temperatura era mais baixa do que a atual e havia muita
instabilidade climática. Separados em tribos nômades, nossos ancestrais
sobreviviam do que conseguiam colher e caçar em tempos de fartura. Durante os
últimos 10.000 anos, no período Holoceno, um clima mais quente e estável
permitiu desenvolver a agricultura e os assentamentos permanentes. Novas
tecnologias foram utilizadas para domesticar ecossistemas, administrar
suprimentos de água e proteger a população das intempéries. Esses processos
alteraram o ambiente de forma radical. Nada se compara, porém, ao que aconteceu
nos últimos 100 anos. A utilização de combustíveis fósseis – carvão mineral,
petróleo - possibilitou o desenvolvimento de uma economia global. A população
humana alcançou a casa dos bilhões de habitantes. Megacidades foram erguidas. A
escala resultante do impacto humano sobre a Terra foi tão sem precedentes que
essa centena de anos resultou em um novo período geológico: o Antropoceno.
Hoje, por causa da
degradação ecológica e das emissões de gases de efeito estufa resultantes deste
processo industrial, corremos o risco de modificar o ambiente em um ritmo
alucinante, que inviabiliza a capacidade da espécie humana para se adaptar às
mudanças. A civilização esta de tal modo interconectada que, caso ocorra um
colapso, ele será global, e não mais regional, como nos primórdios. É preciso
tomar uma decisão e reconhecer que o crescimento econômico consome os recursos
e produz resíduos que degradam o ecossistema. É hora de produzir, mas com
sustentabilidade, em lugar de crescer a qualquer custo. Resumindo: nossa visão de
mundo terá de ser transformada, assim como as tecnologias e as instituições,
antes que se esgotem as chances de existirmos sobre a Terra”.
[CONSTANZA, Robert; FARLEY, Joshua. Sustentabilidade ou Colapso. Revista Veja, n° 2.196, ano 43, p.80, dezembro de 2010 (com adaptações)].
O argumento a favor do capitalismo sustenta que o desenvolvimento tecnológico beneficiaria o conjunto da sociedade, gerando emprego, renda e bem-estar para todos. Mas, há o empecilho ambiental. A economia precisa crescer para gerar emprego, e seu crescimento, como se sabe, é predatório. Entretanto, alguém poderia argumentar que as novas tecnologias, cada vez mais eficientes, poderiam reduzir o impacto do crescimento econômico sobre o planeta, “como se a própria aceleração do progresso tecnológico não contribuísse para agravá-lo” (FURTADO, Celso. O Mito do Desenvolvimento Econômico, 1974, p.20).
ResponderExcluirEntre as evidências do aquecimento global incluem-se o aumento observado das temperaturas globais do ar e dos oceanos, o derretimento generalizado dos glaciares e a subida do nível médio do mar.
ResponderExcluirCom relação aos glaciares, dados de satélite mostram uma diminuição de 10% na área que é coberta por gelo desde os anos 1960.
O mundo começou sem o homem. E continuará sem ele?
ResponderExcluirEm minha opinião a tecnologia tem que andar de mãos dadas como o meio ambiente. Imagine hoje as pessoas sem água potável, sem energia elétrica, mas tem que haver equilíbrio, sempre usando o bom senso.
ResponderExcluirNo Japão a energia é basicamente nuclear. Nesse caso não há um bom casamento entre tecnologia e meio ambiente. Mas, se tomarmos o Brasil como exemplo, o casamento pode ser bem melhor. Haja visto a enorme disponibilidade de recursos ambientais deste em relação àquele.
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