sexta-feira, 22 de junho de 2012

Sustentabilidade ou Colapso?

Há, entre os cientistas, divergências quanto à crise ambiental. Para um grupo, não se trata de crise, mas de transformações próprias do ciclo natural do planeta, que pouco ou nada tem a ver com a ação do homem. Para um segundo grupo, as catástrofes naturais, cada vez mais freqüentes, se devem, sobretudo, ao nosso modo de vida, fundamentado, pelo indivíduo, no consumismo, e, pelo sistema, no crescimento a qualquer custo. Um terceiro conjunto de cientistas não acredita na sustentabilidade, por entender que as novas tecnologias, ao invés de reduzirem o impacto da economia sobre o meio ambiente, contribuiriam para aumentá-lo. O texto a seguir expressa a minha posição em relação ao tema.
“Um dos sistemas mais complexos que se conhecem, o clima da Terra sempre norteou os rumos da humanidade. Nos primeiros 250.000 anos da história do homem moderno, no período Pleistoceno, a temperatura era mais baixa do que a atual e havia muita instabilidade climática. Separados em tribos nômades, nossos ancestrais sobreviviam do que conseguiam colher e caçar em tempos de fartura. Durante os últimos 10.000 anos, no período Holoceno, um clima mais quente e estável permitiu desenvolver a agricultura e os assentamentos permanentes. Novas tecnologias foram utilizadas para domesticar ecossistemas, administrar suprimentos de água e proteger a população das intempéries. Esses processos alteraram o ambiente de forma radical. Nada se compara, porém, ao que aconteceu nos últimos 100 anos. A utilização de combustíveis fósseis – carvão mineral, petróleo - possibilitou o desenvolvimento de uma economia global. A população humana alcançou a casa dos bilhões de habitantes. Megacidades foram erguidas. A escala resultante do impacto humano sobre a Terra foi tão sem precedentes que essa centena de anos resultou em um novo período geológico: o Antropoceno.
Hoje, por causa da degradação ecológica e das emissões de gases de efeito estufa resultantes deste processo industrial, corremos o risco de modificar o ambiente em um ritmo alucinante, que inviabiliza a capacidade da espécie humana para se adaptar às mudanças. A civilização esta de tal modo interconectada que, caso ocorra um colapso, ele será global, e não mais regional, como nos primórdios. É preciso tomar uma decisão e reconhecer que o crescimento econômico consome os recursos e produz resíduos que degradam o ecossistema. É hora de produzir, mas com sustentabilidade, em lugar de crescer a qualquer custo. Resumindo: nossa visão de mundo terá de ser transformada, assim como as tecnologias e as instituições, antes que se esgotem as chances de existirmos sobre a Terra”.

[CONSTANZA, Robert; FARLEY, Joshua. Sustentabilidade ou Colapso. Revista Veja, n° 2.196, ano 43, p.80, dezembro de 2010 (com adaptações)].

5 comentários:

  1. O argumento a favor do capitalismo sustenta que o desenvolvimento tecnológico beneficiaria o conjunto da sociedade, gerando emprego, renda e bem-estar para todos. Mas, há o empecilho ambiental. A economia precisa crescer para gerar emprego, e seu crescimento, como se sabe, é predatório. Entretanto, alguém poderia argumentar que as novas tecnologias, cada vez mais eficientes, poderiam reduzir o impacto do crescimento econômico sobre o planeta, “como se a própria aceleração do progresso tecnológico não contribuísse para agravá-lo” (FURTADO, Celso. O Mito do Desenvolvimento Econômico, 1974, p.20).

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  2. Entre as evidências do aquecimento global incluem-se o aumento observado das temperaturas globais do ar e dos oceanos, o derretimento generalizado dos glaciares e a subida do nível médio do mar.

    Com relação aos glaciares, dados de satélite mostram uma diminuição de 10% na área que é coberta por gelo desde os anos 1960.

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  3. O mundo começou sem o homem. E continuará sem ele?

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  4. Em minha opinião a tecnologia tem que andar de mãos dadas como o meio ambiente. Imagine hoje as pessoas sem água potável, sem energia elétrica, mas tem que haver equilíbrio, sempre usando o bom senso.

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    1. No Japão a energia é basicamente nuclear. Nesse caso não há um bom casamento entre tecnologia e meio ambiente. Mas, se tomarmos o Brasil como exemplo, o casamento pode ser bem melhor. Haja visto a enorme disponibilidade de recursos ambientais deste em relação àquele.

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