quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Civilização Industrial

"No período medieval, entre os séculos V e XV, a vida de uma família camponesa que morasse em alguma região do sul da Europa pouco ou nada tinha a ver com a vida de uma família camponesa que habitasse o norte do mesmo continente. Isto se torna mais claro quando se investiga a economia da época: 'A família camponesa medieval não só produzia seus próprios produtos de consumo pessoal; construía também a própria casa; fabricava os próprios móveis e utensílios domésticos; fazia as próprias roupas. De fato, o camponês ia ao mercado, mas lá vendia tão somente os excedentes de sua produção. Deixando de visitá-lo, ele talvez comprometesse sua comodidade, no entanto, jamais a própria existência' (KAUTSKY, Karl. A Questão Agrária. 1986, p.17).
A partir da Revolução Industrial Inglesa (1764) isto se inverte; a existência passa a ser determinada pelo mercado: '[...] nossa vida diária é afetada permanentemente por algumas das duzentas companhias maiores' (HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem. 1981, p.267). Ao levantar-se, o indivíduo veste o uniforme; durante o café, bebe leite; ao escovar os dentes, usa creme dental; no emprego, senta-se diante de um computador; na rua, vê carros passando; durante o almoço, assiste ao telejornal; as três da tarde seu celular toca; pouco antes do fim do expediente, compra mais um maço de cigarros; na volta pra casa, vê um tênis na vitrine; já em casa, ouve música em um rádio; antes de dormir, toma banho em um chuveiro elétrico; antes de se deitar no colchão, tira os sapatos e apaga a lâmpada... Cada um dos itens sublinhados é produzido por cinco ou seis grandes empresas do respectivo ramo. Assim, mais do que um novo tipo de economia, tem-se um novo tipo de civilização, de caráter industrial."

[Extraído de: Diego Araújo da Rosa. Formação do Mercado Mundial e Aburguesamento. UNESC, 2010, p.11]

3 comentários:

  1. "Nestes tempos de relações artificiais, onde bisbilhotar a vida alheia é mais interessante do que entender o porquê de tanta injustiça social, precisamos, nós que temos o poder da palavra, usá-la com toda a nossa força para direcionar o leme deste barco à deriva que se tornou a vida humana, fútil e vazia, onde o mais importante é saber se fulano se separou de sicrana, ou se sicrana está tendo um caso com a beltrana.

    É claro que não precisamos ser sempre ácidos e melancólicos, muito menos reacionários, até porque, rir é e sempre será melhor do que chorar. Usemos, então, o poder da comédia para criticar, ironizar, apontar os defeitos e até mesmo caçoar da insignificância do homem moderno e a sua interminável preocupação com a matéria.

    Cada dia que passa, pior fica o ser humano, acomodado na superficialidade das coisas sem importância. E, se ao invés de tentarmos instigá-lo, provocá-lo, fazê-lo refletir no espelho a sua mesquinhez, continuarmos insistindo em alimentar a sua superficialidade, em pouco tempo, não teremos mais homens interessados em ler nossos livros" (Paulo Sacaldassy).

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  2. Nos Séculos V e XV uma família vivia só do que produzia, isto é, uma forma de sustentabilidade a moda antiga, hoje a sociedade não saberia viver daquela maneira, pois cada indivíduo depende dos serviços de outros indivíduos. Parabéns querido Diego!!!

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  3. Uma forma de sustentabilidade: viver só do que se necessita. Gostei!

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