O número de ateus cresceu no último século, mas
a grande maioria das pessoas ainda crê em Nosso Senhor. No entanto, sem ir à
Igreja.
A gente pergunta:
- Você acredita em Deus?
- Sim, claro que acredito.
- E vai à missa?
- Não, raramente.
Se engana quem pensa que este hábito é de hoje.
José Lins do Rego, em seu romance ‘Menino
de Engenho’, publicado em 1932, descreve o meio em que passou a
infância: “[...] o meu avô não era um
devoto. A religião dele não conhecia a penitência e esquecia alguns dos
mandamentos da lei de Deus. Não ia às missas, não se confessava, mas em tudo o
que procurava fazer lá vinha um ‘se Deus quiser’ ou ‘tenho fé em Nossa Senhora’”
(p.36).
Ele, o menino, consequentemente, cresceu “[...]
sem o contato com catecismo. Pouco sabia de rezas. E esta ausência perigosa de
religião não me levava a temer os pecados” (p.88). Foi esta lacuna na formação
de sua personalidade que o conduziria, ainda na pré-adolescência, à imoralidade
sexual, com uma escrava negra: “A moleca me iniciava, naquele verdor de idade,
nas suas concupiscências de mulata incendiada de luxúria. Nem sei contar o que
ela fazia comigo” (p.88).
Deduz-se daí que a Igreja desempenha um papel
fundamental na formação de valores morais e éticos norteadores do comportamento
humano.
Marx, por sua vez, prefere o lado político da
questão. Para o filósofo, o benefício que a Igreja porventura proporciona à
sociedade é neutralizado, absolutamente, pelo malefício que a mesma causa:
“A
religião é o ópio do povo” (trecho extraído do livro Crítica
da Filosofia do Direito de Hegel).
De acordo com este pensamento, a idéia de um
paraíso póstumo, livre do mal e repleto do bem, arrancaria das pessoas o ímpeto
revolucionário, assim, ao invés de reivindicar mudanças, principalmente
sociais, os indivíduos optariam pelo conforto de uma vida pacata.
Estas visões antagônicas constituem o que se pode chamar de "os dois lados da mesma moeda".
Uma enquete realizada entre novembro e dezembro de 2006, publicada no Financial Times, mostrou as taxas de população ateia nos Estados Unidos e em cinco países europeus. As menores taxas de ateísmo estão nos Estados Unidos com apenas 4%; as taxas de ateísmo nos países europeus pesquisados foram consideravelmente mais altas: Itália (7%), Espanha (11%), Reino Unido (17%), Alemanha (20%) e França (32%). Os números europeus são semelhantes aos de uma pesquisa oficial da União Europeia (UE), que relatou que 18% da população da UE não acredita em um deus. Outros estudos têm mostrado uma porcentagem estimada de ateus, agnósticos e outros não-crentes em um deus pessoal de apenas um dígito em países como Polônia, Romênia, Chipre e outros países europeus, e de até 85% na Suécia, 80% na Dinamarca, 72% na Noruega e 60% na Finlândia. Segundo o Australian Bureau of Statistics, 19% dos australianos declararam-se como "sem religião", uma categoria que inclui os ateus. Entre 64% e 65% dos japoneses são ateus, agnósticos, ou não acreditam em um deus.
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