Todo sistema possui uma peça fundamental, no caso, uma
engrenagem. As nações possuem presidentes, as tribos possuem pajés, as
bibliotecas possuem livros e as sociedades, dependendo do ponto de vista,
possuem a “vontade divina”, o idealismo ou a luta de classes.
Hegel, o mais importante filósofo alemão da primeira metade
do século XIX, ao tentar unificar todo o conhecimento num vasto sistema lógico
e racional concluiu que “tudo o que existia, devido às suas contradições,
tendia a extinguir-se Mais ainda: o espírito criava a realidade, as idéias
possuíam independência diante dos objetos, o mundo era uma projeção da mente”
(p.56). A luta de classes rompe com esta doutrina. Em sua tese, “Marx e Engels
argumentam que seria necessário situar o estudo da sociedade a partir de sua
base material” (p.57). Ou seja, antes de produzir arte, política, filosofia ou
qualquer outro tipo de intelectualidade, o indivíduo deveria possuir um teto,
roupas e o que comer e, portanto, trabalhar, pertencer a uma classe. A “vontade
divina”, por sua vez, parte de um outro ângulo. Não é a fantasia nem a ação
humana a engrenagem do mundo, mas sim, uma força superior, Deus.
Acreditar no quê? Pra mim, o pensamento hegeliano se aproxima
do cristão, afinal, imaginar que “as coisas extinguem-se por si mesmas” é igual
a crer que “tudo acontece pelas mãos de um ser superior”. Mas eu não vejo isso.
Há intenções por detrás dos fatos. A miséria não é obra do acaso, as guerras,
os atentados terroristas, o crescimento econômico, o estilo de vida norte-americano,
nada disso me parece “o desdobramento natural das coisas”, muito menos “obra do
acaso”.
Parafraseando Manuel Bandeira:
- Que me importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
O que eu vejo é o beco.
[MARTINS, Benedito Carlos. O que é Sociologia? Editora
Brasiliense, SP, 1991, 29° edição, 98 páginas].
Quem faz a História somos nós!
ResponderExcluirComo diria Marx, "os filosofos vieram para pensar o mundo, eu vim para trasnformá-lo, e nem Deus vai me impedir".