O personagem era um brasileiro, economista, que recebera um
convite para trabalhar num grande banco estadunidense. Ascendeu na hierarquia
da empresa e passou a ganhar “nada mais nada menos” do que $ 80.000,00 mil
dólares por mês. Com este ordenado, adquiriu status, fama, patrimônio,
entretanto, paradoxalmente, não se sentia feliz. “Faltava alguma coisa” –
dizia.
Acabou largando tudo, inclusive o salário. Retornou ao
Brasil para trabalhar como professor, ganhando 5% do que ganhava lá fora. A
mulher, descontente, pediu separação. Sem o emprego “milionário” e, agora,
divorciado, o “malucão” comprou uma casinha no litoral e passou a levar uma
vida de solteirão.
Em uma das cenas mais marcantes da reportagem, o “doido”
coloca um vinil do “The Archies” e começa a cantar e a dançar ao som de “Sugar,
Sugar”. Ouça a música:
O solteirão fincava os pés no chão e, sorrindo, se
balançava de um lado pro outro. Definitivamente as coisas haviam se invertido –
se antes sobrava dinheiro, agora sobrava felicidade.
A fórmula fora descoberta e residia justamente nisto: na
capacidade de refletir sobre a vida, partindo de um sentimento interior, e, num
segundo momento, na capacidade de agir, enfrentando a tudo e a todos, em nome
do que se supõe mais correto. Aos olhos da sociedade, o ideal seria continuar
ganhando os $ 80.000,00 mil mensais, porém, no íntimo, quando as luzes do
quarto se apagavam e tudo ficava escuro, havia uma voz que dizia “alguma coisa
não está bem”. Me lembrou um pouco a música “Você”, do Raul Seixas: “Finge que
é normal estar insatisfeito/ Por que você faz isso, por quê?”.
Felicidade é o domínio completo das emoções.
ResponderExcluir"Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido" (Fernando Pessoa).
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