sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Atitudes que Fazem a Diferença

A vida, muitas vezes, parece uma bomba. As pressões – familiares, sociais, amorosas, psicológicas – nos atormentam de tal maneira e com tanta intensidade que se tornou um fenômeno comum a chamada “instabilidade emocional”. Quem nunca ouviu aquele velho chavão “a minha cabeça parece que vai explodir”?
Pois é. Um exemplo. O pai, conservador, quer que a filha se case, mas a sociedade, livre, lhe sugere um relacionamento aberto, no melhor estilo Facebook; o namorado, por sua vez, prefere um relacionamento sério, mas não quer colocar aliança, diz que é besteira, "coisa boba"; a psicologia da garota, por fim, não sabe o que pensar e, não sabendo, tenta agradar a todos, sem, no entanto, agradar ninguém.
Pois é. O mundo esta confuso, vai de mal a pior e a gente assiste a tudo de braços cruzados – pais não se entendem com os filhos, crianças são estrupadas, políticos se envolvem em esquemas de corrupção, o aquecimento global ameaça a vida na Terra – e a gente se pergunta “o que eu posso fazer?”, "como reagir?". Ficamos esperando pelo super-herói que nunca chega e deixamos de cumprir com o nosso papel, caímos na nossa própria armadilha. É como se não fizéssemos parte da História: é melhor fechar os olhos.
Assim, deixando-se influenciar pela mídia e pelos apelos consumistas, isentando-se de suas obrigações e mergulhando no egoísmo e na apatia, o sujeito deixa de exercer atos que, somados, poderiam “aliviar o peso” da existência. São pequenas práticas que fazem a diferença: separar o lixo orgânico do seco; ler um livro; morar perto do emprego, para não precisar de carro; frequentar a câmara de vereadores, para conhecer sobre o futuro do município; protestar etc. São atitudes que dariam uma certa sustentabilidade a um estilo de vida que se apresenta cada vez mais angustiante: “[...] um fenômeno quase coletivo: mais e mais pessoas querendo desistir, largar tudo com vontade imensa de sumir, na ânsia de mudar de rumo, transformar-se, livrando-se das pequenas situações que as torturam, que as amarguram, que as esvaem. Vêm à tona impulsos de romper as amarras da civilidade e partir, célebres, em direção ao incerto, ao sedutor repouso oferecido pela irracionalidade e pela inconsequência. Desejo ‘grandão’ de experimentar o famoso ‘primeiro a gente enlouquece e, depois, vê como é que fica...’ Cansaço imenso de um grande sertão com diminutas veredas?” (p.15).

[CORTELA, Mário Sérgio. Se você parar para pensar. Folha de São Paulo, 24 de maio 2001]

2 comentários:

  1. "Na correria do dia-a-dia, o urgente não vem deixando tempo para o importante" (Cortela).

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  2. Olhe! Veja! Faça! Leia! Sinta! Talvez um "pensar mais" nos levasse a gritar que basta de tantos imperativos.

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