domingo, 2 de março de 2014

Matrimônio: ontem e hoje

O matrimônio é uma instituição bíblica e, geralmente, desdobra-se em uma outra instituição, a família, que, na sociedade, é a responsável pelo provimento do afeto.
O amor, portanto, deveria ser a base ou o “sentimento propulsor” do casamento, pois desta relação nasceriam os filhos, depois os netos, os bisnetos; os irmãos do pai e da mãe se tornariam tios; o pai e a mãe, com o nascimento dos netos, se tornariam avós, enfim, haveria uma família, enraizada na sociedade – na política, na religião, no mercado de trabalho -, formando a sociedade. Quer dizer, se o relacionamento entre o homem e a mulher, que deu origem à prole, não se fundamentasse no amor, os filhos, os netos e os bisnetos teriam se desenvolvido com um “déficit de afeto” e, por conseqüência, a sociedade seria um lugar mais sério e menos carinhoso.
Antigamente era comum a prática do casamento arranjado. “No Brasil, por exemplo, essas tradições foram implantadas desde os primeiros tempos coloniais, seguindo as mesmas regras do modelo social português católico, que regeu os valores e costumes da colônia durante séculos. Embora os grupos familiares fossem dispersos, a instituição familiar firmou-se no Brasil tendo como base o casamento, a priori realizado entre grupos de convívio ou parentelas, para não dispersarem o patrimônio adquirido”.
Em outras palavras, casava-se por dinheiro e por status. Hoje, felizmente, os tempos são outros. Cresce o número de mães solteiras e de filhos órfãos; a liberdade sexual e comportamental reduziu drasticamente o número de matrimônios; já não existe aquela pressão por parte de família, obrigando à união – os tempos mudaram.
Mudaram na superfície, porque na essência sempre foram assim: “Contrariando esses ideais, os homens que vieram povoar a colônia deitavam-se constantemente com as mulheres nativas e negras, comprovando que as práticas da irracionalidade do instinto se contrapunham à irracionalidade das normas”.


[Artigo de Maria Beatriz Nader, publicado na Revista História Viva, número 119, em setembro de 2013]

Um comentário:

  1. O matrimônio nos dias de hoje soa muito Made in Brasil: "Não vá pensando que eu vou me casar/ Não tenho culpa se você engordou/ Mulher de musico é a música/ E o meu amor é o rock and roll"

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