sábado, 6 de setembro de 2014

Sobre a espiritualidade humana

O homem julga-se o próprio Deus, não há limites, não há contentamento, sua alma possui uma sede infinita – ele não busca a paz nem a igualdade, mas a disputa e a diferenciação.
Os edifícios poderiam ter dez andares, para que o espaço fosse mais bem ocupado e todas as pessoas pudessem morar, os carros poderiam ter a mesma potência e cor, para que as pessoas pudessem se locomover com mais facilidade e segurança, as igrejas poderiam ter os mesmos símbolos e rituais, para que a espiritualidade fosse o principal motivo da missa, entretanto, na prática, os edifícios são muito maiores do que deveriam e mesmo assim ainda tem gente na rua, os carros em nada se parecem e são mais um instrumento de status pessoal do que um meio de transporte, as igrejas não se comunicam entre si e se preocupam mais com a formalidade do que com o ensinamento. O que pensar?

“Passaram-se os séculos. As pegadas de cada geração destruíram as pegadas das gerações anteriores. Os deuses antigos abandonaram o país. Outros deuses lhes sucederam. Os majestosos templos da cidade do Sol foram demolidos. Os belos palácios converteram-se em pó. Os jardins verdejantes secaram. Os campos férteis se transformaram em deserto. Subsistiram apenas as ruínas gigantescas, como sombras do glorioso passado” (p.31-32).
O homem possui inteligência, mas não possui sabedoria.

[GIBRAN, Khalil Gibran. As Ninfas do Vale. Editora Associação Cultural Internacional Gibran, RJ, 1976]

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