O mundo está carente de ideologias, de originalidade, de
alternativas, de líderes, de utopias – o mundo virou massa. Não há mais pelo
que lutar a não ser pelo patrimônio pessoal. Se fizessem uma pesquisa sobre o
que os indivíduos projetam para o futuro, eu não tenho dúvida de que novecentos
e noventa e nove em cada mil responderiam: casa na praia, carro do ano, viagem
internacional, ascensão na carreira, dinheiro, dinheiro, dinheiro.
Não se fala mais em amor, não se fala mais em poesia, não
se fala mais em revolução; é como se todas as coisas de natureza subjetiva –
difíceis de medir – tivessem perdido o sentido e até o próprio significado. As
pessoas se perguntam “pra quê?” e não encontram resposta, não conseguem
associar o mundo em que vivem com valores que não sejam materiais, objetivos.
Logo, o amor se torna, também, um número, a poesia desaparece, porque não é
vendável e a revolução vira um capítulo dos livros de História. Um exemplo: o
sujeito, dominado pela lógica capitalista, só namora se a garota for gostosa e
só se casa se ela pertencer a uma família importante, ou seja, a condição
fundamental para que o relacionamento aconteça não é mais o sentimento
interior, mas a aparência, o status externo.
É este o pensamento hegemônico em todos os setores da
sociedade – no banco onde eu trabalho, na universidade onde eu estudei, na
cidade onde eu cresci, na televisão que eu assisto – não há exceção, tudo foi
engolido pelo mesmo buraco, tudo virou massa. Não sei de quem é a culpa – se
dos políticos, que confundem o bem público com o bem privado, se dos grandes
empresários, que não se cansam de criar novas “necessidades” de consumo, se dos
terroristas, que decapitam seus prisioneiros, se dos Rolling Stones, que
engravidam suas fãs – não sei, estou pirando.
Tempos Hipermodernos
ResponderExcluir- Você aceita Jesus?
- Se Ele me adicionar, sim.