domingo, 1 de março de 2015

Tudo Virou Massa

O mundo está carente de ideologias, de originalidade, de alternativas, de líderes, de utopias – o mundo virou massa. Não há mais pelo que lutar a não ser pelo patrimônio pessoal. Se fizessem uma pesquisa sobre o que os indivíduos projetam para o futuro, eu não tenho dúvida de que novecentos e noventa e nove em cada mil responderiam: casa na praia, carro do ano, viagem internacional, ascensão na carreira, dinheiro, dinheiro, dinheiro.
Não se fala mais em amor, não se fala mais em poesia, não se fala mais em revolução; é como se todas as coisas de natureza subjetiva – difíceis de medir – tivessem perdido o sentido e até o próprio significado. As pessoas se perguntam “pra quê?” e não encontram resposta, não conseguem associar o mundo em que vivem com valores que não sejam materiais, objetivos. Logo, o amor se torna, também, um número, a poesia desaparece, porque não é vendável e a revolução vira um capítulo dos livros de História. Um exemplo: o sujeito, dominado pela lógica capitalista, só namora se a garota for gostosa e só se casa se ela pertencer a uma família importante, ou seja, a condição fundamental para que o relacionamento aconteça não é mais o sentimento interior, mas a aparência, o status externo.
É este o pensamento hegemônico em todos os setores da sociedade – no banco onde eu trabalho, na universidade onde eu estudei, na cidade onde eu cresci, na televisão que eu assisto – não há exceção, tudo foi engolido pelo mesmo buraco, tudo virou massa. Não sei de quem é a culpa – se dos políticos, que confundem o bem público com o bem privado, se dos grandes empresários, que não se cansam de criar novas “necessidades” de consumo, se dos terroristas, que decapitam seus prisioneiros, se dos Rolling Stones, que engravidam suas fãs – não sei, estou pirando. 

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