quinta-feira, 12 de julho de 2012

Modelo de Solow

A materialidade é algo recente. Se a gente for analisar, ela tem cem anos, talvez menos. O carro popular, por exemplo, é uma idéia norte-americana dos anos 1920. A televisão, o DVD, a geladeira, o microondas, o computador, todas estas coisas pertencem à contemporaneidade. E é justamente a produção desta parafernália que faz a economia crescer. Mesmo na Revolução Industrial as taxas de crescimento não eram altas pelos padrões atuais. Para se ter idéia, de 1820 a 1950 a taxa global de crescimento do produto per capita foi de apenas 1,5% a. a. O elevado nível de atividade, portanto, é recente. Mas, o que determina este fenômeno? Para pensar esta questão e respondê-la, os economistas utilizam a metodologia desenvolvida originalmente por Robert Solow, no final da década de 1950, quando as taxas de crescimento global eram elevadíssimasO Modelo de Solow sugere, de um modo simplificado, que o crescimento do PIB é uma função ou depende do incremento de dois fatores, a saber, capital (máquinas, recursos financeiros) e trabalho. Ou seja, dobrando o número de trabalhadores e a quantidade de capital, é razoável supor que o PIB também dobrará. Mas, na prática, o planeta já esta superpopulado e os recursos naturais já não são abundantes, logo, o crescimento da economia não pode depender exclusivamente da duplicação dos fatores produtivos citados. A pergunta, neste caso, deve ser feita de outra maneira: de que modo aumentar a produtividade de capital e trabalho sem necessariamente ter de dobrá-los? A resposta depende do ‘estado de tecnologia’. Imagine, por exemplo, um grupo de secretariado, formado por um dado n° de secretárias. Pense na tecnologia como computadores. A introdução do primeiro computador aumentaria de maneira substancial a produtividade do grupo, uma vez que as tarefas mais demoradas passariam a ser feitas automaticamente pela máquina. Assim, Solow demonstrou que avanços qualitativos no ritmo de progresso tecnológico contribuem mais para o crescimento econômico do que meros aumentos quantitativos dos capitais e/ou da força trabalho” (p.205-221).

[BLANCHARD, Oliver. Macroeconomia. Editora Pearson, SP, 5° ed., (adaptado)]

7 comentários:

  1. Isto significa que o Estado, quando interfere exageradamente no processo econômico das grandes empresas industriais, favorecendo-as com subsídios de todos os tipos, impede as mesmas de buscarem, pelas próprias forças, a melhora do ‘estado de tecnologia’.

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    1. Pior ainda: quando o setor privado da economia deixa de objetivar a inovação, em decorrência da tutela governamental, o trabalho dos cientistas e engenheiros deixa de fazer sentido e o desenvolvimento assume formas viciadas.

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  2. Talvez a principal questão da teoria do crescimento seja: quais são os determinantes do progresso tecnológico?

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  3. Hoje em dia a teoria de Robert Solow não retrata bem a nossa economia, pois os recursos naturais estão ficando cada vez mais escassos. Temos que mudar a nossa visão de consumo, sem prejudicar a economia nem o meio ambiente.

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    1. O que se debate hoje em dia é justamente isto: se a economia e a natureza podem 'conviver em paz'. A chamada 'Hipótese Porter' sugere que, por meio de regimentos ambientais rígidos, as empresas, ao invés de se inibirem, aperfeiçoariam seus processos produtivos, tornando-os mais limpos.

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  4. Se não preservamos o meio ambiente em vez de sermos uma familia Jetsons, voltaremos a sermos uma familia Flintstones.

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