quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Sociedade Partida

No topo da pirâmide o sistema capitalista possui banqueiros, empresários e governantes que, respectivamente, necessitam, para a sua sobrevivência, de juros, lucros e impostos.
Quanto maior for esta carga, pior é para o povo, que se encontra na base desta estrutura, na posição mais vulnerável.
No jogo de interesses é óbvio que um banqueiro, com capacidade de empréstimos e financiamentos, vale muito mais do que um  mero cidadão, é óbvio que um empresário, com capacidade de investir  e gerar empregos, vale muito mais que um mero cidadão, quer dizer, depois de eleito o governante não precisa mais do povo, depois que as coisas se arranjaram e que o total de votos necessário foi atingido, o sujeito simples, o motorista de ônibus, o padeiro, o garçom, o Seu Zé, o Seu Chico, a Dona Maria, toda essa gente comum desaparece, deixa de ser importante, e tudo passa a girar em torno do bolo – com quem ficará a maior fatia?
E o que é pior: quando a população é ignorante e não participa, não procura se envolver com as decisões do governo, quando o povo pensa que política "é só votar e deu"  e que no mundo é "cada um por si e Deus por todos", aí então é que a sociedade vai por água abaixo. A qualidade da educação piora, a violência aumenta, a corrupção faz raíz... se o povo não se interessa por si mesmo, os poderosos muito menos!
Por isso é que um presidente com visão social é imprescindível. Só assim, na hora de dividir o bolo, sobrará alguma coisa pra nós, os famintos.
Por exemplo, numa sociedade onde haja altos índices de desigualdade social, isto é, onde os ricos sejam bem ricos e os pobres bem pobres, aumentar os impostos sobre a alimentação básica aprofundará o quadro de miséria, mas um governante sem visão social não pensa nisso, não se importa com isso, pois, na cabeça de um homem elitizado, o pobre não é mais do que um vagabundo que, tendo milhares de oportunidades de crescer na vida, preferiu ser o que é.
O homem não elitizado pensa o contrário. Este se sensibiliza com a tragédia do povo e, ao invés de sacrificá-lo ainda mais, reduz os impostos sobre a cesta básica (açúcar, arroz, feijão, óleo, leite), facilitando a vida do infeliz. E se o governante for esperto, ainda negocia com o produtor “eu reduzo impostos, você reduz preços e aumenta o salário”. Com dinheiro a mais, o consumo, de um modo geral, aumenta, e a perda, decorrente da diminuição de impostos, é minimizada pelo crescimento da economia.
Assim, comem todos. Como diriam os debochados “sempre sobra um restinho”.

Uma música de Chico Buarque, intitulada O Malandro, retrata com bom-humor esta relação de empurra-empurra que existe por detrás dos panos e que, não por coincidência, sempre arrebenta em cima do mais fraco. "Pega ladrão, pega ladrão!"


4 comentários:

  1. poucos com muito
    alguns com muito pouco
    a maioria sem nenhum

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  2. "A maior necessidade de um povo é ser governado; a sua maior felicidade, ser bem governado" (Joseph Joubert).

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  3. "Infeliz! Jamais saberá o que é ser jovem, porque nasceu banqueiro" (Palavras do Barão de Rotschild, diante do primeiro filho recém-nascido).

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  4. "De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades"
    Marx

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