quarta-feira, 22 de maio de 2013

Homem-Natureza

Na TV escola assisti a um documentário sobre sustentabilidade.
O ponto de largada foi a história de vida de um rapaz. Ele havia se formado em arquitetura e logo começou a trabalhar na área. Tinha uma proposta diferente, fazia a base das casas sem usar cimento, com madeira de eucalipto reciclada; numa segunda etapa, antes de construir o corpo da edificação, erguia o teto, o que numa região chuvosa como a de Ubatuba, contava muito. Em pouco tempo o jovem arquiteto viu brotar, em meio à paisagem natural de sua cidade, centenas de projetos seus, e com isso ele ganhou muito dinheiro.
Ganhou dinheiro, mas, em função de seus ideais que iam invariavelmente contra o consumismo, resolveu mudar de ares. Com as economias que fez, pegou as malas e saiu pelo mundo. Nesta viagem, feita boa parte dela com uma bicicleta, conheceu as ecovilas australianas. Se apaixonou outra vez... Retornou ao Brasil dois anos e meio depois, obcecado pelo conceito de bioarquitetura.
Em meio a um mato construiu a sua casa, praticamente autossustentável – com sistema de reutilização da água da pia e do chuveiro, aquecedores alimentados pelo sol, plantações adubadas pelas fezes humanas e milhões de outras coisas que vocês nem imaginam. “Nem sempre tenho dinheiro, não sei ao certo se sou mais feliz ou menos feliz do que antes, entretanto, hoje, vivo de acordo com as minhas idéias” – disse ele.
Será que este rapaz esta mudando o mundo com a sua prática? Talvez sim, talvez não. Mas isto pouco importa. O mundo é amplo demais, não se resolve aqui, a vida da gente, ao contrário, sim, pode dar certo. É isso que eu prego, meus amigos, que cada um de nós resolva a própria vida, que a gente ponha em prática o pensamento, ao invés de simplesmente pensar. 

A história de vida deste rapaz representa o equilíbrio entre o homem e a natureza, tal como descrito pelo poema:

"Nasci para administrar o à-toa
                                          o em vão
                                           o inútil.
Pertenço de fazer imagens.
Opero por semelhanças.
Retiro semelhança de pessoas com árvores
                                   de pessoas com rãs
                                    de pessoas com pedras
                                     etc etc.
Retiro semelhanças de árvores comigo.

A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um
sabiá
mas não pode medir seus encantos
A ciência não pode calcular quantos cavalos de força
existem
nos encantos de um sabiá".

[BARROS, Manoel de. In: Livro Sobre Nada, Editora Record, RJ/ SP, 3° Edição, páginas 51-52].


Um comentário:

  1. "Prefiro as máquinas que servem para não funcionar: quando cheias de areia de formiga e musgo - elas podem um dia milagrar de flores" (Manoel de Barros).

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