Quando, de repente, nos deparamos com uma cena dos Beatles
na televisão, um instante de alegria ou de curiosidade nos abre os olhos: é
impossível que fluidos tão bons passem
despercebidos.
O público deles não tem idade, não tem sexo, não tem cor,
não tem partido político, não tem nacionalidade, pois suas canções possuíam um
sentido universal e não se restringiam à época, abordavam o homem de todos os
tempos, com o objetivo de uma consciência orientada pelo amor, pelo espírito de
aventura e pela compreensão do íntimo. Se havia uma orientação mercadológica,
estética, comercial, midiática e/ou financeira na arte dos Beatles, esta
orientação partia muito mais dos empresários, dos produtores, dos acionistas...
quer dizer, de fora para dentro. Eu afirmo isto, pois, quando assisto a uma
cena do quarteto, a primeira coisa que me vem à cabeça é a ideia de uma vida
mais interessante ou, pra ser mais exato, de uma vida mais interessada em
viver, em experimentar, em descobrir, em perceber em cada detalhe a beleza
escondida.
Na minha opinião, eles foram tão importantes pra humanidade
quanto Gandhi ou Martin Luther King. Se o primeiro libertou a Índia dos
ingleses e ensinou as pessoas a serem simples, os Beatles popularizaram o
movimento hippie e as formas alternativas de pensamento; se o segundo combateu
o racismo norte-americano e provou que um homem de verdade se distingue pelo
caráter e não pela cor da pele, os Beatles fizeram as pessoas se interessarem
por si mesmas e pelas outras.
Quase ninguém poderia viver da maneira como viveram Gandhi ou Martin Luther King, afinal, quase
ninguém possui a capacidade de se encontrar com Deus através de uma
religiosidade tão perfeita e atuante, mas muita gente poderia viver da forma
como viveram os rapazes de Liverpool – rindo, fazendo brincadeiras, tocando
violão, escrevendo poesia...
É fácil viver com os olhos fechados
Sem entender o que se vê.
(Magical Mystery Tour,
Gravadora Apple, 1967, faixa 2: Strawberry Fields Forever).
Se você vestir vermelho esta noite
Lembre-se do que eu lhe disse:
"vermelho é a cor que o meu amor vestia”.
(Antholoy 2,
Gravadora Apple, 1996, faixa 2: Yes It Is)
Imagine-se consigo mesmo em um barco num rio
ResponderExcluircom árvores de tangerina e céus de marmelada
Alguém lhe chama, você responde muito lentamente
Uma garota com olhos de caleidoscópio
(Lucy in the sky with diamonds).
Muito lindo. Revolucionário o modo de viver em que pudéssemos simplesmente estar quase sempre assim.... no tempo da liberdade e menos no da necessidade...quem sabe, pudéssemos - como os meninos de Liverpool-, "viver rindo, fazendo brincadeiras, tocando vioão, fazendo poesia..." vivendo para sempre nos campos de morango....
ResponderExcluirO mundo havia acabado de sair da Segunda Guerra e a rixa entre URSS e EUA já ameaçava a paz outra vez, então surgem os Beatles: seres humanos que, artisticamente, diziam "viver é bom, somos capazes de nos amar, podemos sorrir..."
ExcluirA revolução deles não foi apenas cultural, também no foi no conceito da palavra felicidade.