A Coca-Cola, o Facebook e os automóveis são produtos
industriais de sucesso. Não há pessoa no mundo que não conheça estas
manifestações do capitalismo ou, melhor, não há pessoa no mundo que não tenha
contato diário com estas marcas.
Ao consumir, porém, o que estas empresas produzem, no ritmo
em que o fazemos, deixamos de pensar no real motivo da existência destas
coisas: o lucro privado. Incorporamos o hábito de beber coca-cola, de acessar o
facebook e de andar de carro como se isto fosse, de fato, necessário. Tão
necessário quanto escovar os dentes ou tomar café da manhã e, assim, passamos a
viver uma vida que talvez não seja tão inofensiva quanto parece.
Ao beber coca-cola, bebemos também uma substância
cancerígena chamada “caramelo IV”; acessando frequentemente o facebook,
passamos a ter menos tempo para ler um livro; ao comprar um carro, ampliamos a
emissão de gases tóxicos na atmosfera. Outra vez: ao beber coca-cola, deixamos
de tomar um suco de laranja; acessando frequentemente o facebook, começamos a
acreditar que a vida não é mais do que uma fotinho bonita; ao comprar um carro,
a nossa sensação de “ser importante” aumenta.
Eu sei que você discorda de mim, mas, qual o seu argumento?
O prazer? a normalidade? a tendência do mundo? Tudo bem, só não se esqueça de
uma coisa: enquanto discutimos aqui, eles ganham dinheiro.
“O capitalismo se alimenta da carência. Mas não da carência
por necessidade, que escraviza os pobres, e sim da carência no âmbito do
desejo, que move o impulso do consumidor ocidental”.
[SANTOS, Laymert Garcia dos. Consumindo o Futuro. Folha de
São Paulo, 27 de fevereiro, 2000. Caderno Mais!, p. 6-8 (pássim)]
Acessar o facebook é normal. Beber coca-cola é normal. Dirigir um automóvel é normal. Abraçar a mãe e dizer “eu te amo” é estranho. Que mundo é este?
ResponderExcluir