sábado, 12 de abril de 2014

Redes Sociais

Toda geração possui um signo, o nosso é a rede social. Google, Facebook, Twitter – passamos o tempo todo conectados à lógica dessas empresas.
No fundo, se você observar, verá que todo o movimento existencial passa pelas redes sociais. Se o cara comprou um caro novo, posta uma foto; se o cara viajou pra disneylandia, posta uma foto; se o cara foi a uma festa, posta uma foto; se o cara se separou, edita o perfil; se o cara vai se casar, posta uma declaração de amor; se o cara participou de um evento supostamente importante, do tipo “um almoço de negócios”, posta uma foto e por aí vai.
Há uma busca pelo reconhecimento, todos querem o maior número possível de comentários, todos querem o maior número possível de visualizações, todos querem o maior número possível de curtidas, todos querem marcar território, estar dentro, participar do que existe de mais moderno e avançado. E nessa busca cega pelo sucesso, as pessoas se esquecem da verdade interior. (Não confundam com verdade religiosa).
Não é errado participar das redes sociais, mas não podemos nos esquecer que vivemos sob um regime capitalista, onde nem tudo é bonitinho. O Google, o Facebook, o Twitter e todos os assemelhados, são empresas privadas, cujo objetivo é o lucro. Ninguém passa dia e noite desenvolvendo software de computador por amizade, existe um negócio por detrás dessa parafernália toda. Se as pessoas deixarem de acessar os sites destas empresas, elas irão à falência. Por isso é que o mundo parece hipnotizado pela rede social – ela possui mecanismos de atração, ela mexe com os nossos desejos e expectativas, ela nos transmite a idéia de liberdade incondicional, a vida das pessoas e tudo o que a gente sempre quis ver, está lá.
As redes sociais moldam o mundo a sua imagem e semelhança. Já não importa mais qual a intenção das coisas, desde que as coisas nos satisfaçam. Em outros termos, é a filosofia de Maquiavel: “Os homens, em geral, julgam mais com os olhos do que com as mãos, mais pelas aparências, porque se vêem todos e se conhecem pouco; todos vêem aquilo que tu pareces ser, poucos conhecem aquilo que tu és; e aqueles poucos não se atrevem a opor-se à opinião da maioria que tem o poder do Estado para os defender; e nas ações de todos os homens, sobretudo na dos príncipes, quando não há juiz para reclamar, se olha para os fins” (p.181).

[MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Tradução de José Antônio Martins. São Paulo, Hedra, 2010 (com adaptações)]

3 comentários:

  1. Enquanto a rede social é uma questão existencial para os seus usuários, para os seus donos ela não é mais do que um negócio.

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  2. Bela postagem! Te recomendo um filme, se é que você já não assistiu, "Rede Social", nele se explica como o Facebook nasceu e como se tornou uma febre. É claro que o nosso mundo hoje exige que você esteja inserido nesses sites de relacionamentos, pois assim seu trabalho, você, sua rotina, seu conhecimento, tudo isso fica em evidência, por um lado é bom, mas deve-se tomar cuidado, como você disse muito bem, por sinal. Esses sites são privados e geram lucros e realmente não há mal nenhum nisso, o que deve ser questionado, nesse caso, é se esses lucros são almejados mediante um sistema impregnado e sujo de corrupção ou manipulação. Sinceramente acho que não é esse o caso, o grande "X" da questão é cada um saber o seu limite de usar, é como uma droga, traz benefícios (momentâneos) e prejuízos, uns usam mais outros menos e no fim das contas uns ganham mais do que os outros.

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    1. A rede social é um dos mais influentes atores da nossa época - ela é capaz de trasnformar o modo como as pessoas enxergam o mundo. Portanto, o uso que se faz desse sistema deve ser responsável, consciente, construtivo. Mas não deve ser alienante. As pessoas também precisam se interessar por livros, por música, por filmes (como você mesmo sugeriu), por natureza, por família, enfim, por atividades relacionadas a uma lógica alternativa - o mundo não pode ser o quintal das redes sociais.

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