Ao
visitar o Museu da Cerveja em Blumenau, recebi
um panfleto informativo sobre as
características das cidades do Vale Europeu. Uma semana depois, quando fiquei
sabendo que iria trabalhar em Timbó/ SC, me lembrei do panfleto. Segundo o
informativo, Timbó fora classificada pela ONU como a décima melhor cidade do
Brasil para se viver. Fui descobrindo o porquê disto aos poucos.
Começa
pelo nome do supermercado do lugar, que
não se chama nem Carrefour nem Big, mas
Schütze, com trema no ú. Um nome alemão para uma localidade alemã, o que
reforçou a minha idéia de que aquela era uma comunidade vinculada às suas
raízes. Lá dentro me interessou uma subdivisão que havia no setor de pães e
bolos, uma subdivisão intitulada ‘produtos de segunda linha’, reforçando a
idéia de uma ‘boa moral’. O horário de funcionamento também era diferenciado. O
Schütze fechava às 21 hs durante os dias comerciais, no sábado às 19 e não
abria aos domingos. A título de comparação, em Torres/RS, cidade com os mesmos
35 mil habitantes, os supermercados fecham às 22 hs, inclusive aos sábados,
funcionando até às 12 hs aos domingos, às vezes, também, aos feriados. Isso
significa que o ‘regime de exploração da mão-de-obra assalariada’ é bem menos
intenso em Timbó.
O que
pode ser explicado, em parte, pela brutal diferença entre as rendas das regiões.
Enquanto Torres produz 11 mil (per capita) anual, Timbó produz 23 mil – uma ‘cidade rica’ é capaz de gerar empregos
decentes para seus moradores, a ‘cidade pobre’, por sua vez, além de não gerar
todos os empregos necessários, absorve boa parte de sua mão-de-obra assalariada
com sub-empregos.
A boa
qualidade do comércio se reflete de um modo geral. Há um restaurante que, em horários
de almoço, serve buffet livre por 15
reais o quilo. Na minha cidade natal o preço de uma carne comum custa isso,
quer dizer, não há uma cultura da exploração ou, se há, ela é amena – a idéia
de enriquecer sem trabalhar duro parece não fazer parte dos timboenses.
A boa
disposição do povo para ajudar também se nota. Eles são fechados, pouco
afetuosos, mas, se você precisa, eles ajudam – frequentemente os desconhecidos
me cumprimentam na rua e até param pra conversar comigo.
Para
finalizar, a infra-estruturara de saúde e a qualidade do ar que se respira. Só
na rua onde eu me instalei encontram-se estabelecimentos médicos de todos os
tipos – pele, cardiologia, dentista, laboratorial, do trabalho – além do
hospital da cidade. O ar puro, por sua vez, se deve à infinita quantidade de
árvores. Por estar dentro de um vale, Timbó dispõe de muitas regiões remotas,
onde a ‘civilização não chega’, e que, por isto mesmo, permanecem como regiões
de um verde florescente.
[Contra
Timbó pode-se citar a mentalidade interiorana: gente que vive num lugar bom,
mas que não se importa com o que acontece fora dali].
IDH dos Municípios Brasileiros
ResponderExcluirDe acordo com o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2003 (Censo 2000)
1º - São Caetano do Sul - São Paulo - 0,919
2º - Águas de São Pedro - São Paulo - 0,908
3º - Niterói - Rio de Janeiro - 0,886
4º - Florianópolis - Santa Catarina - 0,875
5º - Santos - São Paulo - 0,871
6º - Bento Gonçalves - Rio Grande do Sul - 0,870
7º - Balneário Camboriú - Santa Catarina - 0,867
8º - Joaçaba - Santa Catarina - 0,866
9º - Porto Alegre - Rio Grande do Sul - 0,865
10º - Fernando de Noronha - Pernambuco - 0,862
Não sei, mas no panfleto dizia: "Timbó, a décima melhor cidade do Brasil para se viver".
ExcluirTeu ranking tá errado!