Desde de que li Sidarta, de Hermann Hesse, me tornei um
admirador da doutrina budista. O motivo é um só: a conexão com a realidade.
Enquanto o ideal cristão constrói-se com base em deuses, semideuses e
espíritos, o budismo constrói-se com base na figura do mestre; enquanto o ideal
cristão confere ao homem um papel central, o budismo iguala todos os seres
vivos; enquanto o ideal cristão considera a felicidade como algo que pode ser
alcançado somente após a morte, o budismo considera a felicidade como algo que
pode ser alcançado ainda em vida.
O título deste blog, ao contrário do que se possa imaginar,
não faz referência à racionalidade cartesiana, mas à meditação budista que, por
conceito, divide-se em duas fases: a samatha, que estimula a concentração, e a
vipassana, que conduz ao entendimento. Assim, voltando-se para dentro de si mesmo, entrando em
contato direto com sua natureza emocional, o homem – uma vez que conseguisse se
organizar nesse sentido – teria mais lucidez para interagir com o mundo
externo. Em outras palavras, partindo de uma conquista pessoal, já que os
benefícios da meditação não podem ser atingidos sem esforços, o sujeito se
credenciaria às práticas exigidas pela vida.
Os budistas ainda creem num ciclo de nascimento, morte e
reencarnação. Esta última vai depender do carma (ações); logo, se a pessoa
fizer boas ações, terá um bom carma e, consequentemente, uma reencarnação
favorável. A existência, neste caso, iria diminuindo. O homem bom, numa segunda
vida, se tornaria um gato; numa terceira vida, um hamster; numa quarta vida,
uma borboleta... até desencarnar, até atingir o nirvana final. Deriva daí a
máxima “não faça mal nem a uma mosca, pois a alma de sua avó pode estar nela”.
Em um vídeo que assisti, um mestre budista diz: "O que importa é a sua própria investigação. Você deve conhecer a realidade, não importa o que a escritura diz. No caso de haver um contradição entre, digamos, a Ciência e os ensinamentos sagrados, então você deve confiar na descoberta".
A base do ensinamento budista está nas Quatro Nobres verdades:
ResponderExcluir- toda existência é insatisfatória e cheia de sofrimento;
- o sofrimento deriva do desejo ou apego e da ignorância;
- o sofrimento pode cessar por completo, eliminando-se o desejo e a ignorância, e isto é o nirvana;
- tudo pode ser alcançado através dos Oito Caminhos.
Oito Caminhos:
1) compreensão correta;
2) pensamento correto;
3) fala correta;
4) conduta correta;
5) ocupação ou meio de subsistência correto;
6) esforço correto;
7) concentração ou atenção correta;
8) contemplação correta.